Vendas do comércio sobem 10,9%

Com mais renda, trabalho e crédito, os brasileiros foram mais às compras no ano passado. Em 2010, o volume de vendas no comércio cresceu 10,9% – no melhor desempenho da série do IBGE, iniciada em 2001. Já a receita nominal do setor avançou ainda mais, 14,5%. Para especialistas, 2011 deve apresentar uma variação de crescimento menor, até por causa das medidas do governo para segurar o nível de atividade do país. 

– O crescimento acumulado no ano se deve ao próprio crescimento econômico pós-crise, onde se tem uma estimativa de, no mínimo, 7,5%. Avanços na renda do trabalho, redução do desemprego, oferta generosa de crédito, estabilidade dos preços e condições do câmbio, além do fato de 2010 ter sido um ano eleitoral, explicam o desempenho do comércio em 2010 – comentou Reinaldo Pereira, do IBGE. 

Em dezembro, o volume de vendas do comércio ficou estável, já considerando o período especial de Natal. Houve destaque para os segmentos de vestuário e calçados (3,4%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (2,8%). Na série sem o ajuste sazonal (das vendas de fim de ano), a alta foi de 10,1% sobre dezembro de 2009. Nesse caso, o resultado, segundo o IBGE, foi fortemente influenciado por móveis e eletrodomésticos (18,3%), hipermercados, supermercados, alimentos, bebidas e fumo (6,5%) e vestuário (10,2%). 

 Pereira acrescenta que o setor ligado a supermercados apresentou forte expansão no ano passado, por causa, em parte, do crescimento da classe C – que passou a consumir mais e novos itens. 

– Havia uma demanda reprimida – disse Pereira. 

A classe C foi a grande responsável pela expansão das vendas Mercatto, grife feminina com cerca de 40 lojas. Em 2010, a rede faturou R$100 milhões – 25% a mais do que em 2009. Para esse ano, a expectativa é alcançar R$140 milhões. 

 

– Navegamos na onda da classe C e o crescimento dessa classe social vai continuar – prevê Renato Cohen, diretor comercial da Mercatto. 

 Expansão no varejo brasileiro acima dos EUA 

 O bom desempenho do setor já aparece nos números das companhias. Em 2010, vendas brutas do Grupo Pão de Açúcar somaram R$36 bilhões, um crescimento de 37,8% em comparação com 2009. Excluindo a operação de Casas Bahia, as vendas brutas atingiriam R$33 bilhões, com crescimento de 26,5% em relação a 2009. 

Segundo Luiz Goes, sócio-sênior e diretor da GS&MD ? Gouvêa de Souza, o varejo brasileiro vem apresentando um desempenho acima dos principais mercados mundiais. Nos Estados Unidos, citou ele, as vendas do varejo subiram 6,2% em 2010. Na Zona do Euro, avanço de 0,7% no ano passado. Na China, o crescimento, porém, foi de 18,4%. 

 – O Brasil se destaca como um dos mercados de maior expansão. A confiança do consumidor ganhou força com a recuperação salarial e do crédito – disse Gois, para quem as expectativas para 2011 são otimistas. – Deveremos ter mais um ano de crescimento acima do PIB, mas com números abaixo dos de 2010. Até porque as medidas do governo (para conter o crédito) começarão a surtir mais efeito sobre o varejo nos próximos meses.

Fonte: O Globo

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